8 de jul. de 2006

DD

Um Dia (acho) Descobri o nome Dela: DD. Depois percebi o vento que Desalinhava os seus cabelos nos dias de sensaboria. Ao redor Dela, torvelinho. Tanto, que ao entrar na casa, logo as cortinas farfalhavam e acho que foi assim que intuí seu nome: num sussurro. Era assim também que ela se fazia notar, até para mim que, sistematicamente, fechava os olhos.
E, de escudar-me em pálpebras, ouvia só palavras:
- “Transformada, diante dos meus olhos, de torvelinho em furacão.”
- “Tanto de meu estado me acho incerto que em vivo ardor tremendo estou de frio.”
- “A nossa casa, Amor, a nossa casa! Onde está ela, Amor, que não a vejo? Na minha doida fantasia em brasa Constrói-a, num instante, o meu desejo!”
- “Teus olhos são duas sílabas Que me custam soletrar,”
Algaravia e suspiros:
- Eu...
- ...
- Se...
Do burburinho, Descobri que, além dos cabelos cuidadosamente Desarrumados, nada sabiam Dela, nem seu nome. Eu sabia. Talvez em erro, eu sabia como chamar aquele torvelinho de fios negros. Nunca vi nela a Divina de quem falavam, mas sabia-lhe o nome.
Neguei o quanto pude sua Divindade, mesmo quando estava perto (nestas horas Difíceis):
- Bom dia.
E eu gastava a tarde toda Descobrindo por que ela me dissera “bom dia”.
No fundo, eu sei, ela não era nada além de DD. Era uma Deusa. Eu sou ateu (juro por Deus). E, assim, num pedestal, Deificada, foi se tornando, tal qual uma santa Desejável e inacessível, solitária. Encostada silenciosa na parede ou movendo ares, quase sempre séria ou triste, Deram-lhe o fardo de não ser mortal. Assim, tornou-se uma estranha entre os mortais, petrificados de admiração e medo.
E, não por acaso, lançaram-lhe ao Desterro. Foi nestas ilhas Desertas, cabelos ruidosamente Desalinhados pelo vento carinhoso, que a encontrei, transformada, Diante dos meus olhos, de torvelinho em furacão. E, nestes dias, tive certeza do seu nome.
Ninguém me contou!
Ela mesma gostava do Desterro. Estava livre do risco de parir semideuses. Distante dos adoradores, poderia se entregar a um outro Deus. Adotou para si o nome de Distância e planejou a Descendência.
Sou só um mortal. Vi nela só uma mortal. Mas, nas ilhas, tive que reconhecer. Ela era eterna. Por mortais, acreditou ser Deusa, aceitou o Desterro e quis parir outros Deuses. Da pureza da linhagem, fez seu karma.
Que Deus me perdoe, mas vi nela só uma mortal. E só por causa da minha Descrença pude lhe dar um nome que qualquer mortal pode pronunciar: diana.
Então, herege, Desejei sua pele.

(Estou atrasado na atualização do blog, mas meu PC deu pau. Por isso, o atraso.)

Um comentário:

  1. Não sei como nunca tinha lido este. Eu gostei.

    "Eu sou ateu (juro por Deus)."
    HAHA, sua cara mesmo.

    Beijinho.

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Obrigado pelas palavras.