19 de ago. de 2009

Dói porque estou vivo

Para ti

Às vezes a dor é lancinante. Minhas rugas se aprofundam. Minhas cãs proliferam. Meu corpo treme, como se tivesse sido cortado fundo. Mas não há corte. Meus olhos latejam, ardem, molham meus gritos. Brotam a mais pura e mais amarga substância, feita só de sofrimento. Então desejo morrer. Ninguém tem piedade. Continuo vivo.
Dura pouco este sentimento. Recobro a consciência e prefiro viver assim, doendo, a não viver. Lembro de Adélia Prado, que queria ficar com a cara mais enrugada que maracujá de gaveta, de tanto sofrer, de tanto amar. Dói porque estou vivo. Agradeço ao universo.
Não importa o quanto me firam. Quando cansar destas dores, estarei morrendo. Então, não blasfemo mais contra a vida. Meu coração é um mundo. Eu invento os monstros que podem assombrá-lo. Do mesmo jeito como os crio e a eles me afeiçôo, posso matá-los. Mas ninguém chegou perto do meu lado que sangra sem minha permissão.
Então, segue em paz, sádica. Você só existe para me lembrar que sofrer é parte da vida. Você só existe porque eu quis.

Ps.: Escrito há muito, muito tempo para alguém cujo nome deixei de mencionar até que esqueci.

Um comentário:

  1. Anônimo23:47

    Uma a paixão a outra o poder.
    Poderá as duas competir pelo teu coração? Pois desprezarte é a melhor forma de estares constantemente observando-a, desejando-a domar como um cavalo selvagem. A da paixão é ligeira e sem zelo, aparece seduzindo e deixando-se desfrutar, partindo do olhar direto ao odor que está no ar sussurrando: " tenha-me, possua-me..." Se abrires os olhos verás que quem te despreza e quem verdadeiramente te ama, porque ao inverter as inteções está sendo sábia e o troféu serás tu.

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Obrigado pelas palavras.